Ainda sou feroz

A vida repete as coisas até a gente se harmonizar ou resolver o que tem se repetido.
As razões da existência são as resoluções.
Quem só anda a passeio e é nômade de si mesmo, tem o mundo e não tem nada.
A liberdade de se resolver e querer se transformar em coisas melhores dentro de nós, é nossa.
O livre arbítrio só é livre quando nos responsabilizamos pelo nosso plantio.
Para muitos, a liberdade é uma escravidão que prende a pessoa na sua própria falta de raízes, de referências e de compromissos leais.
Tanta gente a se comprometer com causas alheias e a se achar muito benevolente por querer resolver os problemas grandes da humanidade, e o resultado é uma maioria desgovernada nos próprios pensamentos, sendo massa de manobra do ócio materialista e tão frágil.
É tanta pompa ao dizer “Eu sei quem eu sou”
Quem sabe mesmo aquilo que é, quem tem consciência da natureza problemática humana, vive a própria vida.
E vive melhor, amadurece com leveza.
Não carrega tanto peso assim, pois sabe o que não aguenta.
E vai no miudinho do passo.
Pedindo a Deus humildade e sabedoria.
Para aprender ao menos a falar e depois ouvir e muito mais calar.
Dá-me senhor, todo dia, um novo dia nessa minha pequenez.
Em tua grandeza me ensina a ser mansa.
Ainda sou feroz.
E a compreender a brevidade de tudo.
Para que um lampejo de gratidão sustente em paz meu caminho árduo e constante de não saber.
Tu sabes, me guia.
Me olha, me guarda.
Me ilumina e me alegra.

Flávia Wenceslau