“As certezas ainda são raras”
Saber, saber mesmo, quem é que sabe das coisas? Aqui de nós, seres pecadores em evolução, tão frágeis ainda?
Tão fáceis de acreditar em ilusão, admirados com a mágica vendida nas palavras da cartomante, do milagre de vinte um dias, da transformação instantânea, pelo destino comprado no curso da felicidade.
Que dor é essa que causa o espelho?
O preço da certeza inventada, forjada na fantasia sobre si mesmo, é caro.
A idade chega, o dia amanhece, a festa termina.
A algazarra silencia, a flor murcha.
A solidão bate a porta.
Solidão de ter se deixado levar.
Solidão de não ter ouvidos para ouvir.
Solidão de ensimesmar-se no brilho passageiro que não sustenta o caminho.
Aos que se doem com a verdade, e se melindram com o que é real, não há Porto Seguro pra quem escolhe vagar.
O amor é uma luta sincera.
De um coração a curar-se dos seus desertos.
Procurando humildemente os pedaços de suas escolhas.
Rejuntando o que ficou.
Na prontidão , depois da dor.
Aceitando que o tempo descortine o que for de ficar, o que ainda for de sorrir.
E leve tudo que nunca serviu.
Depois de olhar-se , sem mais perguntas.
Amar é a resposta sempre possível.
Flávia Wenceslau
📸 Ângelo Júnior