Nada a declarar!
Esses dias estive conversando com um amigo a respeito do costume que alguns tem de problematizar a tudo por falta de humildade.
Bastaria um pouco dela.
Mas, não.
A soberba é imperativa quando o sujeito não tem um problema real, e aí resta-lhe o barulho.
Enquanto não se adquire o mínimo de classe para viver e resolver a si mesmo com alguma serenidade, o barulho é a muleta que a pessoa encontra de chamar atenção e se vitimizar por motivos fúteis e enfadonhos.
Pois bem, diante de um barulho frágil e passageiro perante um determinado acontecimento, perguntei a meu amigo “O que o senhor tem a dizer!?”.
No auge de sua sabedoria e mais de oitenta anos na estrada ele disse ”Nada a declarar” e continuou tomando a sopa.
Precisamos aprender a não declarar nada, muitas vezes.
Vejo tanta declaração todos os dias.
Na tv, na internet, em alguns grupos que eu participo.
Declarações de amor e fidelidade.
Declarações políticas, artísticas, filosóficas…
Podcast de tudo quanto é assunto a declarar o parecer dos anseios atuais.
Declarações de personas mundiais a respeito do que elas dizem mas, não fazem.
Declarações dos justiceiros das próprias conveniências.
São tantas as declarações…
E uma falta imensa de quem se declare a dizer:
Errei, me desculpe.
Eu não sei isto.
Preciso de ajuda.
Preciso melhorar.
Preciso ser mais humilde.
Me acho melhor que todo mundo.
Careço de paz , estou perturbado.
São carroças tão vazias. Cheias de declarações inúteis.
Palavras de hipocrisia em ventanias de poeira velha e ressentida.
Melhor calar-se.
Ouvir o tempo.
A voz da razão não anda de turma.
É uma conquista interior silenciosa e discreta.
Precisar de holofote é uma fraqueza que debilita a integridade.
Mas é a única forma de luz que alguns conhecem.
Paciência.
E nada a declarar!
Flávia Wenceslau
Muito bom. Verdade tudo que dizes. Nada a declarar!