O simples é suficiente
A simplicidade é uma virtude nobre.
E simplicidade nem sempre é praticidade.
Muito da minha praticidade, por exemplo, vem da inabilidade de lidar com as coisas de maneira melhor elaborada. Da falta de paciência minha com o que é complexo.
De um olhar mais atencioso ao que carece ser desemaranhado com empenho.
As carências são complexas.
Tenho visto tantos comportamentos disfarçados de bem resolvidos, quando na essência da conduta, há uma confusão que não se abre a aprender e buscar o oriente da existência.
Enquanto o ser humano pensar que veio a terra em uma missão divinal espalhar luz de onde ele simplesmente não tem nem é, vive enganado.
Talvez apenas adiando e acumulando o sofrimento que em algum momento será obrigado a ver.
A se ver.
A lidar com a minuciosidade da tenebrosa natureza humana.
Não há dinheiro, nem status ou bens.
Não há chaves milagrosas que serão viradas em algum curso de fim de semana.
Não há imersão em nenhuma técnica salvadora.
Imersos já estamos todos na ignorância a respeito de si.
E a saída verdadeira, o espelho que reflete , o novelo de Ariadne, é a simplicidade.
Ela exige sacrifício e renúncia.
Esforço e labuta. Vigília constante.
Mas é a única porta capaz de nos trazer clareza e segurança.
Nos libertando das necessidades tão fúteis e passageiras do mundo.
Trazendo mais condição espiritual ao coração para compreender o tempo, a morte e a vida.
O único sentido absoluto é procurar e encontrar a Deus.
Criador e senhor do nosso tempo aqui.
Da partida e da chegada.
De todo momento presente.
Flávia Wenceslau