Um dia de cada vez
Entre Felicidade imediata e o mantra da gratidão, escolho a realidade que posso dar conta, um dia de cada vez.
O que é melhor?
Para os outros, não sei.
Para mim, o melhor tem sido pés no chão e olhos abertos.
Não que me olhe no espelho e exija o que mereço. Nunca fui disso.
E hoje sei que quem sabe o que a gente merece, é a vida.
Os espinhos que já plantamos, as pessoas que já machucamos. As palavras proferidas na má intenção. Tudo isso já me trouxe desertos demorados, que hoje carrego as cicatrizes.
Elas me tornaram melhor, em pelo menos não me iludir achando que o universo tem obrigação para comigo.
E que algum portal místico da minha cabeça vai resolver as minhas tarefas existenciais, por eu acreditar que sou muito meiga com a vaquinha do pasto, ou educada com seu Joaquim que vende picolé.
E quando o pneu do carro fura eu agradeço a Deus com humildade por que sei que mais na frente ia ter um tigre e a furada foi livramento.
A realidade do meu interior é diferente.
E isto jamais esteve escondido nem estará daquele que a tudo vê.
Portanto, de fantasia já não me alimento.
E de alguma forma, só foi assim que comecei sentir um pouco de paz na lida.
Prefiro muito mais cultivar essa capacidade, por vezes incompreendida, do que viver segurando em cordas tão frágeis, que se partem, inevitavelmente.
Minha alegria é um pequeno barco, velho, de madeira antiga, que resiste.
Ainda temo o mar, mas é nele que navego e avanço.
O vento me dá cantigas…. E a gente vai levando.
Não tenho nada impactante pra dizer a ninguém.
Quando em silêncio dói, eu canto.
Quando sinto belezas que não sei explicar, também.
Flávia Wenceslau
Dia 07 de março estarei em João Pessoa-PB para receber a Medalha Augusto dos Anjos. A cerimônia será no Teatro Santa Roza, às 18hs, em um evento aberto ao público.
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